De segunda a sexta, pouco antes da 5h30 e com o dia ainda escuro, a separadora de resíduos Regina Célia Vicente, de 43 anos, saía da ...
De segunda a sexta, pouco antes da 5h30 e com o dia ainda escuro, a separadora de resíduos Regina Célia Vicente, de 43 anos, saía da casa simples onde mora em Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e percorria 30 quilômetros até a Cooperativa Ideal, em Maria da Graça, na Zona Norte do Rio. Ali Regina trabalhava separando materiais recicláveis. O dinheiro ganho bancava a comida para os nove filhos e as contas do mês. Por conta da pandemia do coronavírus, Regina viu a cooperativa onde trabalha fechar as portas momentaneamente. Hoje, ela que trabalhou por 13 anos no Lixão de Gramacho não sabe o que fazer para conseguir colocar o alimento na mesa.
Estima-se que pelo menos mil famílias de catadores estejam na mesma situação. Regina vive dois dramas: a falta de comida e da possibilidade de ter a família infectada pelo vírus.
“Desde 2013, eu ia para a cooperativa para fazer a separação dos materiais. Mas, desde 18 de março, não vou mais. Não está tendo mais material para fazer a seleção e a direção tem medo de sermos infectados. Só recebi R$ 200 da quinzena e não sei o que fazer. Antes, a gente conseguia tirar mais de R$ 800 por mês. Eu estou tendo que sair pelas ruas procurando o que fazer”, diz Regina.
Segundo a direção da Cooperativa Ideal, dos 22 cooperados, apenas três estão trabalhando. Eles são moradores do Jacaré que seguem para o local para separar o que eventualmente chega. Muitos dos cooperados que estão em casa têm algum tipo de comorbidade.
“Infelizmente, temos muitos colaboradores em casa. Houve uma redução significativa nos materiais que chegam aqui e isso afetou muito na produção. Estamos parados desde o último dia 19 (de maço). Como trabalhamos com produção individual, algumas pessoas receberam R$ 200”, lembra Ana Carla Mistaldo, presidente da cooperativa. “Esse trabalho, para muita gente, é a única renda. Mas, infelizmente, temos que ficar em casa. Lidamos com lixo e não sabemos se o vírus pode estar nesses materiais e muitos dos cooperados são idosos ou têm algum tipo de doença.”
Por Notícias de Duque de Caxias.
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