Pescadores que navegam pelo Rio Sarapuí, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, denunciaram um vazamento de chorume nas águas do ri...
Pescadores que navegam pelo Rio Sarapuí, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, denunciaram um vazamento de chorume nas águas do rio. Segundo eles, é difícil navegar pelo local, que está tomado pela poluição. O rio, que serve de sustento para muitas famílias, desemboca na Baía de Guanabara.
Gilciney Lopes, pescador há 35 anos, e presidente da colônia de pescadores, lamenta a atual situação do rio. Numa descida por 750 metros pelas águas, o cheiro é muito forte e a cor da água assustadora. O remo desaparece. A margem é de lama preta e tem muito plástico acumulado e até um sofá.
“A situação está de uma tal maneira que não tem mais vontade de transitar por esse rio. A gente aqui está sujeito a pegar uma doença”, disse Gilciney.
O pescador Josias Mendes, que atualmente vive catando latinhas, diz que o rio não dá mais peixes. Os caranguejos também desapareceram.
“Aqui não sai mais peixe, não sai caranguejo, não sai mais nada. Aqui só sai muito é chorume e lixo”, reclamou Mendes.
Pescadores e ambientalistas afirmam que continua vazando chorume do Lixão de Gramacho, fechado há sete anos. A cerca de cem metros do lixão, os pescadores denunciam que são valas levam o chorume direto para o Rio Sarapuí.
Eles também acusam a empresa Gás Verde pelo vazamento de chorume. A companhia é responsável pelo processamento do biogás gerado com o lixo no Aterro de Gramacho e deveria tratar o chorume antes de despejar na água.
O movimento Baía Viva estima que sejam despejados no rio cerca de 1 bilhão de litros de chorume por ano.
“Toda essa poluição ela também impacta o manguezal e a vida dos pescadores de Tubiacanga, que fica em frente, na Ilha do Governador, e também os pescadores de Magé. Então, é uma impunidade muito grande, porque a legislação obriga o tratamento do chorume. O que estamos vendo é que os órgãos ambientais não fiscalizam”, disse o ambientalista Sérgio Ricardo.
A natureza e os pescadores pedem socorro, como Mendes. “Já estamos quase como mendigos. O que a gente arruma aqui mal dá para a gente comer. Não dá mais nada. Pego três, quatro caranguejos. O dia que não pego nada, cato latinha dentro do rio para sobreviver. Aqui não tem como viver mais”, disse o pescador.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) disse que vai fazer uma nova fiscalização na área. E que a empresa Gás Verde assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e se comprometeu a investir R$ 9 milhões.
A Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, informa que notificou e multou a empresa, em 2015 em R$ 10 milhões e que o valor da multa foi reduzido para de R$ 3 milhões, que estão sendo pagos parceladamente.
Via G1
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