A paciente que denunciou que estava sendo mantida contra a sua vontade no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, foi transferida na manh...
A paciente que denunciou que estava sendo mantida contra a sua vontade no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, foi transferida na manhã desta quinta-feira (21) para o Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte. Daiana Chaves Cavalcanti, de 36 anos, relatou em vídeo que tinha conseguido a transferência.
"Já estou indo, já estou sendo transferida neste exato momento", contou. Ela chegou à unidade às 10h27.
Segundo a polícia, ela estava "apodrecendo" na unidade de saúde particular em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após uma abdominoplastia malsucedida.
O pai de Daiana, Paulo Lacerda, chegou cedo para acompanhar a transferência. Mas ele contou que a filha saiu pelos fundos do hospital e foi sozinha na ambulância, sem acompanhante.
"Já está a caminho, e eu estou muito feliz com isso, dela ter saído daqui. Estou indo para lá agora. Ela estava querendo sair. Ela falou: se você não me tirar daqui eu vou morrer. E eu estava correndo atrás mesmo. Mas chegou o dia, graças a Deus", disse mais cedo o pai.
Chegada no Hospital Federal
Nesta quinta-feira, a unidade federal disse que havia uma vaga para Daiana. A ambulância para realizar a transferência chegou ao Hospital Santa Branca pouco depois das 9h30.
Apesar dos relatos de Daiana, a advogada do Hospital Santa Branco, Tamara Bastos, afirma que ela recebeu toda a assistência no local.
"Nós acabamos de transferir a paciente conforme ordem judicial, teve certa demora nesses dias por conta da disposição de vagas. Ela recebeu todo apoio, em certos momentos ela dizia que não queria mais sair, e perguntou pelo médico para fazer os curativos. Pode ter tido alguma intercorrência, mas cárcere privado jamais", disse a advogada.
De acordo com o inquérito do caso enviado à Justiça, há sinais de que Daiana pode estar com uma infecção generalizada e em situação grave.
Depois de mais de 50 dias, Daiana agora está num leito do Hospital Federal de Bonsucesso, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, onde vai ser acompanhada por equipes do CTI, da clínica geral, da cirurgia plástica e da psicologia.
Médico nega cárcere
Em depoimento à polícia, o médico negou que Daiana era mantida em cárcere. Ele disse que a mulher não quis ser transferida e afirmou que dava toda a assistência para ela. Bolívar alegou, ainda, que não houve erro médico e que ela não foi mantida em cárcere privado. Além disso, que ela tinha acompanhante e acesso ao telefone celular.
À polícia, outra testemunha disse que Daiana apresentou pus nas feridas da cirurgia, aparentemente necrosando, e que os pontos sempre soltavam e ela ficava com as feridas abertas. Também foi dito que o médico sempre afirmava que Daiana estava em situação estável e que ele cuidava dela.
Funcionários também prestaram depoimentos. Uma profissional chegou a ser questionada se Daiana estava sendo mantida na unidade de saúde "por livre e espontânea vontade". Ela disse que nenhum paciente é obrigado a permanecer no hospital. A mulher contou que, mesmo quando não há alta médica, o paciente pode sair da unidade assinando um documento de alta à revelia.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) manteve a prisão temporária do cirurgião durante a audiência de custódia na terça (19). Ele foi preso após a denúncia de que estaria mantendo Daiana em cárcere privado na unidade de saúde, da qual é sócio.
Via G1
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