DUQUE DE CAXIAS - Traficantes das favelas do Lixão e Vila Ideal, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, invadiram escolas e até creches ...
DUQUE DE CAXIAS - Traficantes das favelas do Lixão e Vila Ideal, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, invadiram escolas e até creches — sem aulas em razão da pandemia da Covid-19 — e transformaram as instituições de ensino em pontos de venda de drogas. A ocupação das unidades escolares pelos criminosos foi descoberta numa investigação da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Nesta sexta-feira, policiais da unidade, com apoio de outras delegacias do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), realizam a Operação Lix. Até as8h40, uma pessoa havia morrido em confronto com os agentes e outras 17 haviam sido presas.
— Ficou comprovado na investigação que traficantes se utilizam de creches e escolas como pontos de vendas de drogas, ao mesmo tempo que a polícia não pode chegar perto desses locais em operações por conta de algumas decisões que restringem a nossa atuação — diz o delegado Gustavo Castro, titular da Dcod.
Durante a operação, os agentes encontraram residências que foram demolidas pelo tráfico após os moradores — que não concordavam com a ação dos criminosos — serem expulsos. No local, segundo a Polícia Civil, os traficantes se preparavam para construir prédios ilegais que seriam revendidos a preços bem menores.
— Essa é uma atividade da milícia que o tráfico adotou. A narcomilícia está atuando em Caxias com a anuência do Charles do Lixão. Eles estão com práticas antes oriundas da milícia — disse o delegado Felipe Curi, titular do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE).

Os agentes que participam da operação Foto: Rafael Nascimento de Souza / Agência O Globo
No decorrer da investigação, a Dcod descobriu que a quadrilha, além de explorar o tráfico de drogas, também roubava cargas e cometia outros roubos em geral, associando-se a criminosos especializados na prática desses crimes. Os ladrões recebiam armamentos e eram autorizados a fazer o transbordo das mercadorias roubadas no interior dessas comunidades, em troca de um percentual sobre o produto do crime.
Segundo a Dcod, o chefe da quadrilha é Charles Silva Batista, também conhecido como Charles do Lixão, Coroa, Charles da Vila Ideal ou Charles Brown. O traficante está preso na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino (Bangu 1). Apesar disso, de acordo com a polícia, ele continua praticando crimes, inclusive nomeando os gerentes gerais das comunidades após a morte de seu filho Charles Jackson Neres Batista, o Charlinho, durante um confronto com a Polícia Militar em março de 2019.
Na manhã desta sexta, um novo mandado de prisão foi cumprido contra Charles do Lixão. Segundo a Polícia Civil, o criminoso estava prestes a deixar o sistema prisional.
— Ele já estava pronto para deixar a cadeia. Então, essa ação de hoje impede que ele venha para a rua e continue atuando — completou Curi.
Os indiciados responderão pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, roubo majorado, porte ilegal de armas, entre outros crimes, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos de prisão.
Via Extra
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