A promessa era de desafogar o trânsito, mas no primeiro dia útil após a inauguração do Viaduto do Gramacho, em Duque de Caxias, o que s...
A promessa era de desafogar o trânsito, mas no primeiro dia útil após a inauguração do Viaduto do Gramacho, em Duque de Caxias, o que se viu foram muitas reclamações e congestionamento. Orçada em R$ 10 milhões, a obra foi entregue à população na última sexta-feira e contou até com a presença do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Nesta segunda-feira, no entanto, sem a presença das autoridades, motoristas e passageiros de transportes públicos enfrentaram um trânsito pesado.
O técnico de atividade judiciária Vagner Silva, de 40 anos, esperou tanto no engarrafamento, que preferiu saltar do ônibus e fazer parte do trajeto a pé:
— Fiquei 20 minutos nesse engarrafamento. Já estou atrasado. O viaduto vai ser de grande utilidade, mas agora não está sendo. Foi precipitada essa inauguração.
Segundo motoristas, o que causou o congestionamento na Avenida Governador Leonel de Moura Brizola foi o bloqueio do retorno. Para fugir do trânsito parado, muitos deles fizeram bandalha no posto de combustíveis.
— Foi uma besteira danada que fizeram. Engarrafou o trânsito porque o retorno não está funcionando — avaliou o técnico de instalação Lorran Martins, de 25 anos.
Se o lado do Gramacho estava parado, no bairro Sarapuí, do outro lado do viaduto, moradores apontavam as falhas da obra. O motorista Marcos Coutinho, de 60 anos, fez críticas à curva acentuada do viaduto:
— Para inaugurar a obra antes do prazo, ele forçou uma curva que não comporta ônibus nem caminhão. Isso acaba sobrecarregando o trânsito. É muito perto da Praça Rainha Elizabeth, que fica cheia de crianças correndo risco de atropelamento. Foi uma obra para inglês ver.
O viaduto foi entregue à população, mas o comerciante Gilberto Pinto Maia, de 58 anos, ainda aguarda que a prefeitura conserte sua calçada, que foi quebrada durante a obra. Ele precisou fechar o comércio que tem, pois não estava conseguindo trabalhar.
— Tiraram a minha cobertura da rua e quebraram minha calçada. Se chover, não tem para onde a água escoar. Prometeram refazer a calçada. Meu comércio está fechado. Como vou pagar minhas contas — questionou Gilberto.
Há outra partes do viaduto que estão inacabadas, como a mureta de contenção. A Rua Herman Lundgre, que tinha trecho em mão dupla, passou a ter mão única. Mas não havia placas sinalizando a mudança na direção. Além disso, moradores temem que a falta de sinalização provoque acidentes no local.
— Não somos contra a obra. Somos a favor, mas tem que ter redutor de velocidade. Aqui na rua, tem pessoas entrando e saindo com seus carros da garagem. É preciso ter um redutor e uma placa de sinalização — cobrou o aposentado Sebastião Almeida Cruz. de 66 anos.
Além de desafogar o trânsito na Avenida Governador Leonel de Moura Brizola e no bairro Sarapuí, o Viaduto do Gramacho vai, segundo a Prefeitura de Duque de Caxias, facilitar o acesso à Rodovia Washington Luiz (BR 040). O viaduto tem 320 metros de extensão e pista de mão dupla passando sobre a linha férrea. Os R$ 10 milhões investidos na obra são recursos federais. O projeto teve início em 2017.
Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Obras, Urbanismo e Habitação informou que "o retorno para Avenida Governador Leonel de Moura Brizola e para o Viaduto do Gramacho está em pleno funcionamento, a cerca de 50 metros à frente do que foi fechado definitivamente". A prefeitura disse ainda que "o projeto de sinalização horizontal e vertical foi implantado em todos os sentidos e que esta semana técnicos voltarão ao local para avaliar a necessidade de implantação de novas orientações aos motoristas".
Com relação aos redutores de velocidade, explicou que "não há previsão de instalação nas pistas do viaduto e que técnicos do órgão também farão nova avaliação sobre essa questão". Sobre o retorno ilegal, disse que "a Guarda Municipal está indo para o local para orientar os motoristas sobre o novo acesso".
A prefeitura garantiu que "todas as calçadas danificadas estão sendo refeitas garantindo acessibilidade para os moradores. Sobre a cobertura retirada informa que a mesma era irregular e não atendia ao código de obras do município".
Via Extra
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