Um policial militar foi condenado a nove anos de prisão em regime fechado por torturar e manter em cárcere privado a ex-namorada. O sar...
Um policial militar foi condenado a nove anos de prisão em regime fechado por torturar e manter em cárcere privado a ex-namorada. O sargento Daniel Deglmann, de 43 anos, manteve a vítima trancafiada na casa onde ambos viviam, no Parque Pauliceia, em Duque de Caxias, por 13 dias.
A jovem, de 23 anos, foi dopada e espancada durante todo o tempo em que ficou presa na casa, para que não pudesse falar com familiares ou pedir ajuda. O crime aconteceu em outubro do ano passado e Deglmann foi capturado por agentes da Deam de Caxias, após uma denúncia feita pelo pai da vítima.
A sentença de Daniel foi proferida no dia 23 de março deste ano. Antes de ser condenado, a defesa do praça entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, porém, as solicitações foram negadas em duas ocasiões.
Mesmo preso preventivamente, durante o processo, o PM enviava recados, através de amigos de farda, para que a vítima e testemunhas fossem ameaçadas. Algumas testemunhas chegaram a mudar de estado.
A ex-companheira do, agora condenado, falou sobre o caso e a sensação de alívio pela condenação do seu agressor. “Estou aliviada e muito feliz, porque as ameaças pararam. Hoje, tenho certeza que a justiça foi feita”, disse a estudante. Atualmente, ela toma remédios e conta que fará acompanhamento psiquiátrico.
A mãe da jovem também comemorou a condenação de Daniel, como exemplo para encorajar outras mulheres que são vítimas de agressões físicas e psicológicas por seus companheiros. “A Justiça foi feita em defesa das mulheres. Meu coração está aliviado e me encoraja a lutar em favor das vítimas de homens agressivos. Não tenho raiva dele. Só quero que ele pague e cumpra toda a pena na cadeia”.
Ela completou dizendo: “Mulheres, não se acanhem. Denunciem seus agressores. Vão à polícia, liguem, não fiquem caladas”.
Daniel foi condenado por sequestro, cárcere privado, tortura e violência contra a mulher. No momento, um segundo inquérito apura a coação de testemunhas e roubos dos pertences da vítima que estavam no local do crime.
“A condenação dele trouxe uma tranquilidade para a vítima e para as testemunhas. Por isso, sempre digo: é importante fazer o boletim de ocorrência. Se essa vítima não tivesse feito um registro, hoje ela estaria morta”, falou a Delegada Fernanda Fernandes, titular da Deam de Caxias e responsável pelo inquérito que prendeu Daniel.
No ano passado o porta-voz da Polícia Militar, informou que a corporação deu abertura a um inquérito para apurar a conduta do sargento, podendo acarretar na sua expulsão, porém, a instituição não quis informar qual o andamento atual do Processo Administrativo Disciplinar.
Mesmo preso e condenado Daniel Deglmann continua na Polícia Militar. Segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado, o sargento recebe mensalmente R$ 6.698,85. Ao longo dos nove meses preso Deglmann embolsou mais de R$ 60 mil do estado. Ele está na corporação desde 2001.
A assessoria de imprensa da PM não respondeu por que o praça ainda continua recebendo salário e também não explicou por que, mesmo com a decisão da Justiça de transferir Daniel Deglmann para o Complexo de Bangu, ele ainda continua na Unidade da PM, em Niterói.
Por Notícias de Duque de Caxias
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