DUQUE DE CAXIAS - Moradores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, dormiram na porta do Hospital Infantil Ismélia da Silveira, uni...
DUQUE DE CAXIAS - Moradores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, dormiram na porta do Hospital Infantil Ismélia da Silveira, unidade de referência da cidade, na madrugada desta segunda-feira (5), para conseguir atendimento médico para os filhos. A primeira segunda-feira do mês é o único dia para marcar consulta.
Mesmo com frio e chuva, pais passaram a madrugada na fila, alguns, inclusive com as crianças, já que não têm com quem deixar os filhos. As fichas para o atendimento só começam a ser distribuídas às 7h.
Regina, a primeira pessoa da fila, chegou por volta do meio-dia de domingo (4) à porta do hospital. Ela levou um cobertor e passou a noite sobre um pedaço de papelão. Para a longa espera pelo atendimento, ela levou frutas, empadão, água e uma garrafa de café.
“É uma tortura a pessoa ter de ficar ao relento. Infelizmente temos de passar por isso. Acho isso uma falta de respeito conosco, mas se não fizermos isso, não temos atendimento adequado para nossas crianças. Passar por tudo isso para conseguir uma consulta significa para mim uma humilhação”, disse a moradora que foi marcar consulta para o neto.
Outra mulher que estava na fila disse que para conseguir atendimento é preciso passar a noite na fila. Segundo ela, quem chega de madrugada, por volta das 3h, já não consegue mais pegar a senha às 7h. Por isso, ele foi para a fila às 21h de domingo.
Por volta das 6h desta segunda-feira, a fila, formada por centenas de pessoas, já ultrapassava o quarteirão do hospital.
Silvânia, que chegou às 4h, diz que a situação é angustiante. Ela deixou os filhos em casa com o marido, que vai arrumar as crianças para ir ao colégio. Ela destaca que o hospital é bom, que é sempre bem atendida, mas a fila para a marcação de consulta é um grande problema.
Maria, que estava com a neta de 3 meses, chegou à fila às 4h30. Ela contou que há muita dificuldade para encontrar médico e que tem de vir para a fila de madrugada para ver se consegue atendimento. “Mesmo chegando na fila de madrugada às vezes a gente nem consegue”, lamentou a mulher.
O número de senhas distribuídas pelo hospital varia de acordo com a especialidade médica. Do outro lado da rua, uma outra grande fila também estava formada desde a madrugada para o atendimento em outras especialidades, como ginecologia.
Pelo telefone, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, que diariamente faz vistoria nos hospitais da cidade, diz que não tem como evitar as filas que se formam principalmente porque grande parte das pessoas busca atendimento no hospital infantil vem de outros municípios da região.
“O hospital infantil fica no limite com Vigário Geral, Cordovil no Rio, e vem gente de Belford Roxo, de Magé. A gente não restringe nada. Quero que venham para cá e a gente está trabalhando para isso. Todas as pessoas vão ser atendidas”, disse o prefeito.
No entanto, Marta Nunes, que já esteve na fila quatro vezes, mais uma vez vai voltar para casa sem conseguir marcar atendimento psicológico para o neto de 10 anos. No hospital, disseram para ela voltar dia 2 de setembro.
O prefeito informou que determinou que o secretário de Saúde fosse ao local para garantir que todo mundo que estava na fila do Hospital Ismélia da Silveira fosse atendido.
Via Extra
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