Motorista de app acusado de intolerância religiosa presta depoimento e diz que não podia levar 4 passageiros

O motorista de aplicativo, Ricardo Cardoso, de 57 anos, prestou depoimento à Polícia, no dia 05 de maio, e alegou que não aceitou a corrida ...

O motorista de aplicativo, Ricardo Cardoso, de 57 anos, prestou depoimento à Polícia, no dia 05 de maio, e alegou que não aceitou a corrida por não poder transportar quatro pessoas e negou ter impedido que as passageiras entrassem em seu veículo por estarem usando roupas de santo.

O condutor foi filmado se recusando em levar a família da comerciante Taís Fraga para um terreiro de candomblé em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O flagrante foi feito no mês passado, dia 23 de abril.

Também morador de Caxias, Ricardo chegou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para ser ouvido acompanhado de um advogado. Em sua versão do acontecimento, o motorista disse aos investigadores que, ao chegar ao endereço das passageiras, informou que só poderia levar três pessoas. O homem ainda destacou que as mulheres insistiram, mas que ele reafirmou que não poderia transportar as quatro. Em seguida, segundo ele, cancelou a corrida.

O motorista, no entanto, foi desmentido pela própria Uber, que afirmou que o carro é cadastrado para transportar até quatro passageiros.

No dia 09 de maio foi a vez das adolescentes, filhas da comerciante Tais, prestarem depoimento. Na delegacia, as jovens falaram que não entenderam o que aconteceu e repetiram que Ricardo afirmou que não faria o transporte após vê-las com roupa de santo. A mais velha também revelou que a irmã mais nova ficou assustada e com medo de embarcar no veículo seguinte.

A Polícia Civil enviou um ofício para a Uber pedindo detalhes do histórico do motorista. Os investigadores querem saber há quanto tempo ele está na empresa, se costuma cancelar as corridas e quem cancelou a corrida no dia em que o incidente aconteceu, se foi o condutor ou as passageiras. A empresa ainda não respondeu aos questionamentos da Decradi.

A polícia também quer ouvir o segundo motorista que aceitou a corrida para entender se o destino para onde a família seguiu era área de risco e qual foi o percurso que ele fez. Os investigadores também analisam imagens de câmeras de segurança que registraram o caso antes, durante e depois da recusa de Ricardo de fazer a corrida.

Na semana passada, a Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público Federal (MPF) enviaram ofícios à Decradi para saber como estão as investigações.

Via G1