Principal liderança do MDB no Rio, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, afirma que vai estender um “tapete vermelho” para receber...
Principal liderança do MDB no Rio, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, afirma que vai estender um “tapete vermelho” para receber o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia na legenda, mas afirmou que tanto ele quanto os deputados emedebistas do estado continuarão alinhados ao presidente Jair Bolsonaro. Reis tem um almoço marcado para hoje com o ex-presidente da Câmara, que está de saída do DEM.
Reis passou o dia ontem em Brasília e esteve com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pleiteando obras para sua cidade. Ele diz não ter conversado com Bolsonaro sobre receber no partido um desafeto dele.
— Rodrigo Maia é um excelente quadro da política nacional e estenderemos tapete vermelho para recebê-lo. Não cheguei a comentar o assunto com o presidente, da mesma forma que ele não precisaria comentar comigo questões partidárias referentes a ele. São questões partidárias internas — disse Reis, que é vice-presidente regional do partido e integrante da executiva nacional.
Cotado para disputar o governo estadual, Reis inaugurou uma escola com o nome do pai de Bolsonaro em 2019, em evento com a presença do chefe do Executivo. Ele mantém conversas frequentes com o presidente e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Apoio a Arthur Lira
A pedido do Palácio do Planalto, o prefeito determinou que seu irmão, Gutemberg Reis (MDB-RJ), fizesse campanha para Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara, contrariando o presidente nacional do próprio partido, Baleia Rossi (MDB-SP), que se lançou candidato com o apoio de Maia.
— A vinda do Rodrigo Maia não vai alterar nossa relação com o governo. Nossos deputados votaram e continuarão votando junto com o governo. E eu vou continuar com boa interlocução em Brasília, dialogando com o presidente e com ministros — disse Reis.
O prefeito selou a paz com Baleia, votando pela recondução do deputado federal para a presidência nacional do partido e concordou com a filiação de Maia. Reis ressalta, porém, que o ex-presidente da Câmara não viria para comandar a legenda no estado.
— Rodrigo Maia não vem para assumir o diretório estadual. Ele tem projeção e preocupações nacionais.
Presidente regional da legenda, Leonardo Picciani afirma que Maia “não vai para o partido para tornar o MDB oposição ao Planalto”.
— Ele sempre teve uma boa relação conosco. Tem ainda a possibilidade de (o vereador) Cesar Maia (pai de Rodrigo) também integrar o partido, o que seria uma honra. Nossos deputados têm ajudado e vão continuar ajudando o Planalto.
A avaliação de dirigentes nacionais do núcleo de Baleia é que Maia entra no MDB para ajudar a legenda a formular pautas econômicas e a articular uma candidatura de centro à Presidência da República em 2022. Baleia afirmou que antes de uma adesão à legenda, Maia ainda tem de resolver “questões jurídicas”. O ex-presidente da Câmara deve pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para deixar o DEM por “justa causa”, evitando que o partido tente ficar com seu mandato.
Histórico de dissidências
O MDB fluminense tem um histórico de dissidências internas que vão além da presidência da Câmara disputada no mês passado. No impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Leonardo Picciani, então ministro dos Esportes, articulou pela permanência da petista no poder. Já seu pai, o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (MDB), trabalhou pelo impeachment e a favor do vice Michel Temer (MDB-SP). A manobra foi interpretada como forma de garantir um lugar na canoa vencedora, seja qual fosse.
Em 2014, enquanto o MDB nacional apoiou a reeleição de Dilma, Jorge Picciani articulou o apoio ao principal adversário da petista, Aécio Neves (PSDB-MG), em um movimento conhecido como “Aezão”, que pregava voto no tucano e em Luiz Fernando Pezão (MDB) ao governo do Rio.
— O MDB foi fundado por pessoas que defendiam diferentes frentes e ideias. É natural que haja discordâncias no partido. É do jogo democrático — afirma Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do partido na Câmara.
Via O Globo
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