'Essa epidemia tem que acabar', diz irmã de vítima de feminicídio em Caxias; Caçula de 12 irmãos, a vendedora Cristiane da Silva Marins, de 38 anos, é descrita por parentes como uma pessoa dedicada, trabalhadora e independente. Ela foi encontrada morta dentro de casa, na tarde de terça-feira, na com
'Essa epidemia tem que acabar', diz irmã de vítima de feminicídio em Duque de Caxias
DUQUE DE CAXIAS - Caçula de 12 irmãos, a vendedora Cristiane da Silva Marins, de 38 anos, é descrita por parentes como uma pessoa dedicada, trabalhadora e independente. Ela foi encontrada morta dentro de casa, na tarde de terça-feira, na comunidade Corte Oito, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O corpo estava com marcas de estrangulamento, no chão, ao lado da cama onde a vítima dormia com o companheiro. Alexandre França dos Santos, que morava com Cristiane há um ano, foi capturado pela polícia e confessou o crime. Ele já havia sido preso por outro homicídio, cometido em 2004.
— É um choque. A gente nunca imaginou que isso fosse acontecer na nossa família, ainda mais com ela que era a caçula. Era a nossa caçulinha, era um neném para a gente. Mas também era uma mulher muito guerreira, que cuidava sozinha das coisas. A nossa ficha ainda não caiu — lamentou Walkíria Silva de Souza, de 48 anos, irmã da vítima, que fez um desabafo contra o feminicídio: — Todo dia a gente ouve falar de uma mulher morta. Essa epidemia tem que acabar. As mulheres têm que começar a prestar atenção nos homens com quem se relacionam.
De acordo com relatos da família, Cristiane conheceu Alexandre pela internet, quando ele estava preso. Mesmo atrás das grades, ele conversava por mensagens de celular com a mulher.
Ainda segundo a família, Cristiane teria pago um advogado para ajudá-lo a obter liberdade condicional. Quando Alexandre deixou a cadeia, foi morar com Cristiane.
— Ela ajudou a tirar ele lá de dentro. Pagou um advogado e quis dar uma vida melhor para ele — conta Walkiria.
Ausência no trabalho
Parentes de Cristiane desconfiaram que algo tinha ocorrido com ela, após descobrirem que ela faltara ao segundo dia no emprego novo, como vendedora de um comércio ambulante no Centro de Caxias.
Um dos irmãos de Cristiane pediu para uma vizinha ver o que tinha acontecido.
— O filho da vizinha conseguiu ver pelo muro que tinha uma pessoa deitada no chão. Quando eles entraram, Cristiane já estava morta — conta.
Moradores da rua de Cristiane contam que, no dia do crime, Alexandre saiu de casa pela manhã, normalmente, e cumprimentou quem estava na rua.
— Ele tomou banho, se arrumou, botou a mochila nas costas e foi como se fosse trabalhar — diz a irmã de Cristiane, que lamenta a perda: — Ela era uma pessoa que dava amor, dava carinho, só falava coisas boas. Era um neném para a gente.
No fim da tarde de terça-feira, Alexandre foi parado por policiais militares do 5º BPM (Praça da Harmonia), na Lapa, no Centro do Rio. Segundo os agentes, Alexandre estava sob o efeito de drogas e, ao ser abordado, confessou o crime.
A família da vítima nega essa versão. Os PMs levaram o homem até a delegacia. Após entrarem em contato com a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), a polícia descobriu que Alexandre já havia sido preso e que a família de Cristiane já havia registrado a morte dela, apontando-o como suspeito. Alexandre França dos Santos foi autuado em flagrante pelo crime de feminicídio e transferido para o Complexo de Gericinó, em Bangu.
O enterro de Cristiane será nesta quinta-feira, no Cemitério da Taquara, em Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, às 9h da manhã.
Outros crimes
O principal suspeito de matar Cristiane já tinha cometido outro homicídio, em 2004, contra um senhor de 62 anos, também em Duque de Caxias. Na ocasião, ele foi condenado por homicídio, furto e ocultação de cadáver. A vítima foi morta a pauladas e golpes de foice, antes de ser jogado dentro de um poço. Após matar a vítima, Alexandre furtou uma TV de dentro da casa da vítima.
Pelos crimes, Alexandre foi condenado, em 2005, a 17 anos e 4 meses de regime fechado. Inicialmente, ele ficou preso por seis anos, até progredir para o regime semi-aberto, em 2011. Preso de novo em 2012, por roubo, foi solto no mesmo ano. Voltou a ser preso em 2015 e, dessa vez, permaneceu atrás das grades até maio de 2018, antes de conseguir a liberdade condicional.
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Via Extra
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